quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Empréstimos x Caixa Eletrônico

"Fuja do empréstimo no caixa eletrônico".              

(Fonte: PROTESTE)

Apesar da facilidade, os custos são altos demais. E a burocracia para a desistência prejudica o consumidor.

Testamos o sistema de empréstimos em caixas eletrônicos em cada um dos grandes bancos brasileiros. E concluímos que contratar é simples e rápido, e que cancelar é quase impossível. Em nosso estudo, mostramos de forma clara que você pode ser iludido e enganado com essa aparente facilidade, que na verdade lhe induzirá ao endividamento.

Se você tem conta em banco e utiliza o caixa eletrônico, provavelmente já deve ter reparado na oferta de empréstimo “rápido e fácil!" que é constantemente oferecida. Apesar de tentadora, essa oferta pode se transformar em uma armadilha para o seu bolso, pois pode lhe instigar a contratar o empréstimo por impulso. E os custos não justificam essa comodidade, que em nosso teste se revela salgada demais para o seu bolso.

As instituições não alertam sobre os riscos desse tipo de operação. De todos os bancos analisados, apenas um não oferece empréstimos de forma insistente. Os bancos afirmam que seguem políticas de crédito conscientes. Mas constatamos que os bancos apelam ao fazer as ofertas, seduzindo o consumidor.

Postura dos bancos é abusiva

Ao analisar a movimentação bancária dos colaboradores que participaram do teste, pensávamos que as ofertas seriam similares. Entretanto, as ofertas variavam de R$ 4 mil a R$ 12 mil. As taxas também variam. E o mais grave é que alguns bancos anunciam um CET inferior ao verdadeiro.

As instituições criam empecilhos para quem contrata o empréstimo por impulso, dificultando ao máximo o cancelamento da transação. Essa postura é considerada abusiva pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), por colocar o correntista em desvantagem exagerada.
O direito ao arrependimento, previsto em lei, não é respeitado, com o agravante de que não constavam nem nos caixas eletrônicos, nem nos sites das instituições as informações referentes ao cancelamento.

Veja na matéria de capa da revista Dinheiro & Direitos de dezembro as taxas desse tipo de operação e como cancelar esse serviço caso você contrate por impulso.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Estrangeiro dribla lei para comprar terra no Brasil, ou os brasileiros é que estão fazendo de tudo para rifar nosso país?

Agronegócios - 05/12/2011 - 07:18:25

Fundos exploram brechas de restrições impostas pelo governo para frear apetite de investidores de fora por propriedades. Fundos contornam a lei por meio de estruturas em que brasileiros atuam como sócios majoritários de negócio.
Um ano e meio após o governo impor restrições à compra de terras por estrangeiros, investidores internacionais exploram brechas da lei para continuar adquirindo propriedades rurais no país.
Parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) de agosto de 2010 dificultou a aquisição de grandes extensões de terras por empresas controladas por estrangeiros.
Mas a Folha identificou três casos de fundos voltados para investimentos na comercialização de madeira, cujos acionistas são estrangeiros e que estão atuando no país após a adoção das restrições.
Esses grupos tentam contornar a legislação vigente por meio de estruturas nas quais os estrangeiros lideram os investimentos -o que pode lhes conferir peso para encabeçar decisões-, mas os brasileiros aparecem como sócios majoritários.
Para especialistas, essas estruturas envolvem riscos porque não basta que os brasileiros tenham o controle no papel. É preciso que mandem, de fato, nos negócios.
"Se o brasileiro é controlador no papel, mas na prática o controle está nas mãos de estrangeiros, o negócio pode ser considerado ilegal", diz Luciano Garcia Rossi, sócio do Pinheiro Neto Advogados.
O The Forest Company (TFC), que tem sede no paraíso fiscal de Guernsey, adquiriu terras no Paraná e em Minas Gerais em 2011.
Documentos do TFC indicam que os empreendimentos florestais (para comercialização de madeira) pertencem 100% ao fundo.
Seus gestores alegam que, embora sejam os únicos donos do negócio, compraram as terras em parceria com um sócio local majoritário.
Por meio da parceria, a empresa brasileira cedeu ao TFC o direito de uso da superfície da terra, modalidade de negócio que, segundo advogados, não foi citada pela AGU.
Outro fundo que vai tentar utilizar uma brecha da lei é o VBI Timberland Fund.
Os gestores do VBI são brasileiros, mas sua intenção é captar US$ 350 milhões com clientes internacionais para investimento no país.
A Folha teve acesso à apresentação feita pelos gestores a potenciais cotistas do VBI.
A proposta indica que a totalidade dos recursos para a realização dos investimentos virá do exterior (ver quadro na página B3). Mas parte do dinheiro entraria no Brasil sob a forma de empréstimo a uma empresa constituída aqui e controlada por brasileiros. Essa companhia nacional seria a sócia majoritária dos negócios (com 51%).
Segundo especialistas, embora todo o dinheiro venha de fora, o modelo parece compatível com a legislação porque a injeção de capital seria contabilizada como dívida. Pela lei das companhias abertas, endividamento não conta para o cálculo de controle.
O fundo Global Forest Patners (GFP) também teve seu nome associado a uma transação de terras em 2011.
A empresa holandesa Norske Skog divulgou comunicado em maio informando que tinha vendido terras no país para uma empresa, CMNPAR Four Participações, assessorada pelo GFP.
Procurado pela Folha, o presidente da CMNPAR, Edson Balloni, disse que o GFP era o principal responsável pelo investimento. O fundo negou a informação. Depois disso, Balloni mudou sua versão, afirmando que o GFP é sócio minoritário no negócio (fonte: Folha de S.Paulo)

Vamos enterrar os plásticos para limpar a atmosfera?


Essa estranha proposta é apresentada por um dos personagens do aclamado romancista americano Jonathan Franzen. Com teores naturalistas, ele vem se firmando com um dos mais importantes escritores atuais. Em suas obras, costuma traficar noções de ecologia. No livro The Corrections, pesquei uma declaração provocante de um dos personagens. A tese do personagem é a seguinte.

A história do carbono é a história do planeta. A Terra era muito quente 400 milhões de anos. A atmosfera então era irrespirável. Composta por metano e dióxido de carbono (gás carbônico). A Natureza ainda não tinha aprendido a decompor a celulose. Por isso, quando uma árvore caía, ficava no solo e era enterrada pela próxima árvore a cair. Era o período Carbonífero. A Terra era coberta por uma vegetação luxuriante. Durante milhões e milhões de anos, com as árvores caindo sucessivamente, quase todo o carbono que estava na atmosfera foi tirado do ar e enterrado sob o solo. E é lá que ele ficou até recentemente. São os depósitos de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.

Hoje, quando uma árvore cai, os fungos e micróbios digerem a celulose. E todo o carbono dos troncos, galhos, folhas e raízes volta para o ar. Nunca haverá outro Carbonífero. Porque não há como fazer a Natureza desaprender como biodegradar a celulose.

Quando o mundo ficou frio o suficiente, os mamíferos surgiram na Terra. Mas agora o mamífero mais esperto de todos começou a tirar o carbono dos depósitos subterrâneos e jogá-lo de novo na atmosfera. Enquanto queimamos o carvão, o gás natural e o petróleo, despejamos o carbono das profundezas da terra no ar outra vez. Quando tivermos terminado de queimar todo esse carbono, teremos a atmosfera pré-histórica outra vez. Uma atmosfera quente e estranha que ninguém viu na Terra durante 300 milhões de anos. Uma atmosfera que certamente não será boa para os mamíferos como nós.

A moral da história, para o personagem de Frazen, é que não se deve reciclar o plástico. É melhor mandar tudo para o depósito de lixo, onde ele será enterrado. “Vamos enterrar o carbono”, diz o personagem do escritor.

A história do carbono está certa. É uma bela maneira de apresentar a enrascada em que nos metemos. Mas enterrar o plástico não resolve. Porque a produção do plástico envolve a retirada de uma quantidade maior de petróleo do fundo da Terra, e a queima de boa parte do carbono. Para cada quilo de plástico produzido numa refinaria, outros quilos de carbono viram combustível que, queimado, alimenta a atmosfera de carbono.

O único jeito seria adotar uma estratégia hoje impossível: enterrar plástico derivado de biomassa, como o que algumas fábricas brasileiras estão fazendo a partir da cana de açúcar. Ele não é biodegradável, como um plástico comum. Pelo menos por enquanto, nenhum organismo consegue digerir esses plásticos, como acontecia no passado com a celulose. Se houvesse bastante plantação de cana, ela retiraria o carbono da atmosfera durante o crescimento, pela fotossíntese. Mas isso exigiria uma área tão grande de plantações de cana que talvez não houvesse espaço para cultivarmos alimento na superfície, nem construírmos nossas cidades. E levaria milhares de anos. É uma boa tese, mas não muito praticável.

Se isso fosse feito, o carbono do plástico de cana seria enterrado. Até que, talvez, algum organismo aprendesse a digerir esse material orgânico e transformá-lo em outra coisa, como aconteceu com os micróbrios que digeriram as florestas do Carbonífero e a transformaram em petróleo. Até que algum ser futuro, daqui a alguns milhões de anos, resolvesse cavar esse combustível e jogá-lo na atmosfera outra vez. Mas aí nós não estaríamos mais aqui para ver o resultado

Fonte: Época