FRAUDES
Este
tipo de proposta tem normalmente como objetivo atrair um investidor desfrutando
a comum ignorância e os mitos sobre os "mistérios" das transações e operações
financeiras efetuadas pelos bancos.
O intermediário costuma oferecer altos
rendimentos (acima de 20% ao ano chegando, às vezes, acima de 150%) com um
investimento supostamente "seguro" que aproveitaria instrumentos exclusivos e de
médio/curto prazo, típicos (segundo ele) dos grandes bancos internacionais. Em
alguns casos o investimento exploraria situações excepcionais em alguns bancos
(como fundos bloqueados que, porém, poderiam ser usados pra emitir BGs). Em
outros casos desfrutaria descontos ou condições particulares na liberação de
garantias, cartas de crédito ou outros instrumentos (muito usadas também as MTN
- Medium Term Notes) que supostamente poderiam depois ser "negociadas" com lucro
no mercado. Freqüentemente, para realizar o investimento, é preciso um depósito
numa conta no exterior e uma procuração especial para alguém executar estas
operações junto aos bancos. Isso tudo é mentira e o dinheiro simplesmente será
"perdido" integralmente.
Uma variante comum no Brasil (que explora a
carência e a fome de financiamentos externos) é a promessa (obviamente falsa e
fraudulenta) de conseguir capital de giro ou outros financiamentos através de
alguma fantasiosa operação envolvendo este tipo de "instrumentos". Muito comum é
a oferta de supostas linhas de financiamento que exigem a apresentação de uma BG
(Bank Guarantee - Garantia Bancária) para liberação dos fundos. Neste caso o
objetivo do golpe é fazer a vítima pagar algum "custo" por alguma suposta razão
(a desculpa dos golpistas), ou para adquirir os "instrumentos", tudo obviamente
antes de ver o suposto dinheiro do financiamento...
Nenhum banco sabe
nada sobre boa parte destes fantasmáticos instrumentos que são gerados e usados
só no mundo mirabolante dos fraudadores. Alguns destes instrumentos realmente
existem, mas com características, modalidades de emissão e usos totalmente
diferentes dos propostos ou sugeridos. Se você ouvir algum dos seguintes termos,
ou outros parecidos, sobretudo em relação à propostas de operações de
financiamento ou aplicação, saiba que existe uma grande chance (se não a
certeza) que estejam tentando uma fraude: "prime bank note / instrument /
debentures / guarantees / letters of credit / MTN", "certified bank
invoice/note", "fiduciary bank", "safekeeping", "certified draft", "one year and
one day"...
Um caso a parte é representado pelos "Certificados
Internacionais de Depósito" (International Certificate of Deposit, ou ICD),
normalmente com valores de várias dezenas ou centenas de milhões de dólares,
supostamente emitidos por grandes e seriíssimos bancos internacionais (tipo:
J.P.Morgan, Bank of America, Citibank, Credit Suisse, UBS, ABN AMRO etc...) que
são propostos com várias desculpas. Já vi, também, casos envolvendo o nome de
bancos menores e menos internacionais, como o "Banco de la Nacion Argentina", e
com valores menores (na casa de 1 a 5 milhões de USD), mas sempre dentro do
mesmo esquema geral de golpe.
Na maioria dos casos a proposta básica é
negociar estes documentos com um deságio, em função de alguma suposta urgência
em ter liquidez.
Já registrei casos nos quais os golpistas alegavam ter
conseguido viabilizar ótimas operações com estes papeis, sobretudo com
safekeepings, e estarem prestes a receber uma "bolada". Neste caso eles contavam
ter ficado sem liquidez por causa dos custos envolvidos com a operação, e
solicitavam então um "pequeno" adiantamento (50-100 mil USD), necessário pra
terminar algum processo ou fazer alguma viagem, se disponibilizando a pagar
juros ou comissões/participações altas na hora, iminente, do recebimento da tal
"bolada".
Já relataram, também, casos nos quais estes documentos foram
ofertados como lastro/garantia para financiamentos ou em outros tipos de
operações financeiras, inclusive para deixar mais acreditáveis histórias
relativas a "Roll Programs" ou "HYIP" ou até como sinal em
operaçõs de "aquisição" de empresas. É importante saber que estes documentos
são, quase sempre, falsos completos ou no mínimo forjados a partir de modelos
autênticos.
Muito comum, nestes últimos casos, o envolvimento do nome da
Euroclear e de outras grandes e respeitáveis instituições como supostas
custodiantes e avalizadoras destes falsos "instrumentos".
O conselho é sempre
de não entrar em operações, sobretudo internacionais, envolvendo papéis deste
tipo, ou, de forma geral, instrumentos não conhecidos com profundidade, sem ter
o aval e acompanhamento profissional de alguém competente, independente e de
total confiança.