quarta-feira, 23 de junho de 2010

SUSTENTABILIDADE
Relatório do Banco Mundial sobre crescimento sustentável no Brasil com menos emissões é ``louvável´´

22/06/2010
Um relatório lançado nesta quinta-feira (17/06) pelo Banco Mundial, em Brasília, é um importante reconhecimento do que o Brasil tem feito rumo a um crescimento sustentável aliado a uma política de baixo carbono, isto é, com menos emissões de poluentes. A avaliação é do diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa.
“Quando vemos um trabalho desta envergadura, com a chancela do Bird, isto referenda o rumo correto de nossa política pública para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Em particular o setor sucroenergético tem feito seu dever de casa,” avalia Sousa.

O documento do banco mostra, entre outros pontos, que o Brasil poderia reduzir suas emissões brutas de gases de efeito estufa em até 37% entre 2010 e 2030, mantendo os atuais objetivos de desenvolvimento programados pelo governo para o período e sem efeitos negativos sobre crescimento e empregos. De acordo com o trabalho, isto equivaleria a retirar de circulação por três anos todos os carros do mundo.

Oportunidades
O executivo da UNICA sublinha que no trabalho, intitulado Estudo de Baixo Carbono para o Brasil, há importantes menções às diversas oportunidades de que dispõe o Brasil em relação à mitigação e a remoção das emissões, principalmente nas áreas de mudança de uso do solo (como agricultura, e desmatamento), energia, transportes e manejo de resíduos. “Há preciosas ''janelas de oportunidade'' de que dispomos e que precisam ser aproveitadas. Refiro-me a um cenário de desenvolvimento concomitante com a redução de emissões,” afirmou Sousa.

Para o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diop, “a consolidação desse cenário de reduções de emissões é um grande desafio em termos de planejamento e financiamento. Contudo, a economia do Brasil seria afetada positivamente. Os resultados indicam um impulso no crescimento do PIB anual e um crescimento no emprego. Tudo somado, não fazer nada seria bem mais custoso – tanto em termos de impactos nacionais quanto globais e nas necessidades de adaptação à mudança climática."

Confira alguns dados do trabalho do BM:

Cenário Nacional de Baixo Carbono - Em números
• Serão necessários em média R$ 44 bilhões (US$ 20 bilhões) a mais por ano em investimentos para se implementar um cenário de baixo carbono no Brasil até 2030. Assim seria possível reduzir em 37% as emissões brutas de gás do efeito estufa ao longo do período de 2010-2030;

• A implementação das opções do Cenário de Baixo Carbono de 2010 a 2030 exigiria US$ 725 bilhões (em termos reais), mais do que duas vezes o volume de financiamento necessário em comparação com US$ 336 bilhões do cenário de referência, que considera as políticas já implantadas e os planos do Governo;

• A distribuição desse valor é: US$ 334 bilhões para energia; US$ 157 bilhões para o uso da terra, mudanças no uso da terra e florestas; US$ 141 bilhões para transportes e US$ 84 bilhões para manejo de resíduos;

• De acordo com o Cenário de Referência, são necessários cerca de 17 milhões de hectares adicionais de terras para acomodar a expansão de todas as atividades que envolvam o uso da terra durante o período de 2006 a 2030;

• Em um Cenário de Baixo Carbono, as emissões geradas pelo desmatamento que seriam evitadas corresponderiam a cerca de 6,2 GtCO2e (bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente) no período de 2010-2030;

• No transporte regional, o estudo revelou um potencial de reduzir emissões em cerca de 9% em 2030, através da mudança de modais, tanto para o transporte de passageiros quanto de carga;

• Se forem implementadas as opções de baixo carbono, é possível remover 213 MtCO2e (milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente) da atmosfera em 2030;

• No setor energético, a adoção de opções de baixo carbono possibilitará reduzir para 297 MtCO2e em 2010, comparado com um Cenário de Referência de 458MtCO2e no mesmo período;

• Na área de manejo de resíduos, a adoção de opções de baixo carbono possibilitará reduzir para 18MtCO2e em 2030, comparado com o Cenário de Referência de 99MtCO2e;