segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sua empresa está apta a NAVEGAR ou NAUFRAGAR??

Uma empresa, seja ela familiar ou não, pode ser comparada a um barco pesqueiro em alto-mar.

Digo que pode ser familiar ou não, porque tratarei aqui com mais ênfase nas empresas dirigidas por famílias, onde nem sempre a organização é seu forte.
Como em um pesqueiro, a empresa precisa de uma meta, lucros e extremos cuidados para não “afundar”. E pede que todos os fatores internos e externos ligados a ela, sejam observados com o máximo de
atenção.
Esses fatores podem ser comparados e estudados um a um, e veremos uma grande ligação entre eles. Vejamos:

O Capitão: Num pesqueiro, é o capitão quem escolhe o rumo que todos irão seguir, escolhe as regras, quem embarca ou não. Cuida dos mantimentos e dos detalhes para o barco navegar. Numa tormenta, toma todas as decisões. E é o grande responsável em caso de um bom dia de pesca.
Assim se torna óbvio que numa empresa, o capitão é o dirigente ou o “dono”. Esses substantivos serão sempre utilizados no singular, pois, por mais que se trate de um grupo de dirigentes, ou de uma família que esteja à frente do negocio, as decisões precisam ser fruto de um consenso, visando ser as mais acertadas o possível.
Sabe-se que, num pesqueiro, por mais que o capitão escolha a rota e tome todas as decisões, ele precisa primeiro cuidar para que o mesmo continue navegando sem avarias. Para isso ele não pode ignorar nenhum fator que colabore para o mesmo. O casco tem de estar intacto, os tripulantes empenhados, o motor funcionando e as redes tem de trazer peixes.
Veremos a seguir que todos esses fatores são de suma importância, e podem ser comparados a um setor específico de todas as empresas.

O Casco
O casco é o setor mais importante numa embarcação. Ele não pode ser ameaçado nunca, pois mantém o barco flutuando e dá proteção a todos. Por esses motivos, antes de tomar qualquer decisão, o capitão precisa pensar no casco, e vez ou outra, mudar a rota para que o mesmo não seja ameaçado.
Por isso o casco se trata do financeiro das empresas. Nada pode ser feito sem antes o financeiro ser consultado e ter aprovado. Ele é o esqueleto da empresa, e uma vez que ele fique demasiadamente avariado a empresa tem grandes chances de ir à falência.
Por mais que o capitão queira seguir uma rota ele precisa prever os obstáculos no caminho e segurar o barco ou mudar a direção.
Se uma empresa familiar toma atitudes pensando somente na família, ela tem grandes chances de prejudicar seu financeiro, e por conseqüência abalar o sistema todo.
O financeiro precisa ser respeitado e escolher quando se pode abrir o cofre para investimentos ou precisa conter os gastos, evitando o pior para todos.
Muitas empresas familiares desrespeitam essa regra, investindo valores indevidos em bens pessoais, que não tem interesse para a empresa, resultando num acúmulo de dividas que pode se tornar perigoso.
O financeiro está sempre disposto a distribuir os lucros e fazer investimentos, mas requer que seu ritmo seja seguido à risca, com muito planejamento.

As redes de pesca.
As redes trazem os lucros para a tripulação. Elas pescam os peixes, que são o grande objetivo da viagem, e precisam fazer isso com o máximo de competência.
Sendo assim, as redes são chamadas de setor de compras nas empresas.
Num mercado com um grande número de concorrentes, principalmente quando se trata de micro e pequenas empresas, a diferença entre o quanto se gasta para produzir determinado produto e o preço final de venda, costumam ser cada vez mais próximos. Ou seja, para ganhar mercado as empresas costumam diminuir os lucros para alavancar as vendas. Sendo assim, o setor de compras é determinante para os lucros das empresas.

Uma vez que se compra bem e mantém uma boa relação com os fornecedores, melhorando prazos e garantindo a matéria prima, terá mais facilidade de vender no preço de mercado e mesmo assim lucrar uma boa porcentagem no final.
O gestor precisa exigir o máximo do setor de compras e nunca se dar por satisfeito. Sempre existe uma negociação que pode ser melhorada ou um novo fornecedor querendo entrar no mercado. Mas vale lembrar que a boa relação com o fornecedor é primordial, pois não adianta comprar mais barato se não tem garantia de entrega do produto.

Os tripulantes e os mantimentos
Num pesqueiro os tripulantes nunca devem estar descontentes. Se tal situação ocorrer, o primeiro resultado é a queda geral no rendimento, e por conseqüência uma quantidade menor de peixes fisgados.
Os tripulantes não podem ter fome nem sede. Precisam ter boas condições de trabalho e quase nunca trabalhar à exaustão. Digo “quase”,porque se o tripulante estiver contente e mantiver uma boa relação com sua equipe e capitão, quando se fizer necessário, seja numa tormenta ou num bom dia de pesca, ele vai trabalhar mais que o de costume sem reclamar.
Os tripulantes, é obvio, são os colaboradores da nossa empresa. Os mantimentos, o setor de RH.
Os colaboradores tem de estar contentes e comprometidos com os objetivos da empresa. Eles são a vitrine, e normalmente quem mantém o primeiro contato com os clientes.
Quem deve fazer esse quadro se tornar uma realidade é o setor de RH. E o gestor tem que tomar todo o cuidado para que ele obtenha sucesso.
Para um colaborador estar contente não existe nenhum mistério. Deve-se remunerar de acordo com o merecimento; elogiar o trabalho quando necessário; garantir que a carga horária seja justa e se encaixe nas limitações da equipe; dar treinamento adequado; aceitar as sugestões e críticas; aplicar modificações e melhoramentos quando se fizer necessário.
Por outro lado, o setor de RH tem de evitar os “piratas” que se encontram pelo caminho. Não deixando que estes permaneçam muito tempo na empresa e não contamine os bons colaboradores.

O Motor
O motor tem sempre que estar trabalhando. Nunca deve ser desligado. Vez ou outra ele diminui a potencia, e só para totalmente, mesmo que por pouco tempo, se o clima estiver bom e o mar cheio de peixes.
Falamos aqui do setor de marketing e propaganda. Pois sempre se disse que a propaganda é a alma do negocio.
Nem mesmo os maiores conglomerados empresariais do mundo deixam de divulgar sua marca e seus produtos. E não é possível que eles estejam enganados.
O marketing move a empresa e a faz alcançar novas metas e lucros.
Mas essa área, como todas as outras, precisa sempre respeitar as decisões do financeiro. E só pode estar a todo vapor quando todas as outras áreas estiverem funcionando com extrema precisão. Pois não adianta alavancar as vendas se não tem condições de atender a demanda.

O capitão
Todo pesqueiro que possui um sábio capitão está fadado ao sucesso.
É óbvio que sempre haverá tempestades no caminho, mas um bom capitão saberá escolher a rota menos perigosa. Saberá, também, respeitar todos os setores e os manterá em ordem. Pois ele sabe que a embarcação tem de continuar navegando e trazendo lucros para todos os tripulantes.
Numa empresa familiar, onde existem vários capitães, é preciso que todos tenham esse conhecimento e não pulem as etapas. Todos devem saber que o que tem de ser preservado é a saúde financeira da empresa, e a mesma tem de render frutos. Uma vez que a empresa estiver ameaçada, toda a família estará também, e isso acaba sendo prejudicial a todos.
A empresa tem de se manter firme no mercado e sempre continuar navegando.