terça-feira, 8 de junho de 2010


Igreja e Maçonaria
Começe a conhecer sobre essa polêmica

Origem do Conflito
Tudo começou com a promulgação da Bula In Eminenti Apostulatus Speculas, em 28.04.1738, pelo Papa Clemente XII, condenando a Maçonaria, porém sem uma motivação objetiva.
Em 18.05.1751, o Papa Bento XIV promulgou a Bula Provida Romonarum Pontificum, da qual consta um resumo do documento de Clemente XII, oportunidade em que são enumeradas 6 razões para a condenação:

1) aceitação, pela Maçonaria, de adeptos de todos os credos;

2) obrigação da guarda de segredos;

3) exigência de juramento;

4) sanções canônicas ignoradas;

5) proscrição ou eliminação da Maçonaria em muitos países;

6) reprovação da Maçonaria, por homens prudentes e honestos.

O Iluminismo
Conforme registra a história, floresce no século XVIII a filosofia pós-renascentista do Iluninismo, que tem como núcleo o culto à razão e à experiência, em contraposição à exclusividade da verdade Divina revelada, pregada pela doutrina Cristã, até então dominante. Anunciava-se o alvorecer do “Século das Luzes”, sepultando a “Idade das Trevas”, nessa nova visão do mundo. Sendo a Maçonaria uma organização simpatizante dos princípios e dos ideais do Iluminismo nascente, é perfeitamente compreensível a ocorrência do recrudescimento dos ataques promovidos pela cúpula clerical a Instituição maçônica, chegando a 580 documentos pontifícios.

O Código Canônico de 1917
O primeiro Código do Direito Canônico foi promulgado em 1917, no qual ficou mantida a proibição de católicos se filiarem à Ordem Maçônica, sob pena da excomunhão taxativa.

O Código Canônico de 1983
Em 27 de novembro de 1983 entra em vigor o novo Código do Direito Canônico. Nesta edição, desaparece a excomunhão contra os maçons, bem como as proibições de que estes participem dos sacramentos da Igreja. O célebre cânon 2.335 (o da excomunhão) cedeu lugar ao cânon 1.374, com redação genérica, sem referência específica à Maçonaria. Ei-lo:

“Quem se inscreve em alguma associação que maquina contra a Igreja será punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações será punido com o interdito”.

Analistas do assunto interpretam esse abrandamento no Código como um sinal de aproximação entre o Clero e a Maçonaria. Obviamente, não se trata de uma pacificação consumada.

Posição do CNBB
Estudos publicados recentemente pela CNBB ainda indicam uma posição de inconciabilidade com a Maçonaria, especialmente no que concerne à ação doutrinária. Enquanto a Igreja pauta sua missão baseada na fé Divina, a Maçonaria continuaria a relegá-la a um segundo plano, dando ênfase à superação do homem pelo próprio homem, através do auto-aperfeiçoamento. Nada obstante, tais estudos não fecham a questão. Sinalizam com a continuidade do diálogo e do entendimento.

Posição da Maçonaria
Apesar da divisão administrativa da Maçonaria, em blocos e potências, hoje vivenciada, não se tem tido notícias de posicionamentos antagônicos à Igreja, que possam comprometer um salutar interrelacionamento. Apesar de ser uma Instituição agnóstica, a Maçonaria cultua a existência de um Ente Superior ao qual denomina de Grande Arquiteto do Universos (GADU) e crê na imortabilidade da alma.

A maior crítica da Igreja diz respeito à ausência de referência a Jesus Cristo nos códigos e práticas maçônicas. Posso dizer que "Jesus Cristo não consta de nossos rituais e leis, pois não somos religião para invocá-lo em Loja, mas como fiéis religiosos, e com a consciência de que temos que respeitar todas as crenças em respeito à nossos irmãos, somos livres para praticarmos qualquer religião. Não podemos é sermos ateus. Mesmo em países com Cosntituições Laicas a liberdade religiosa é assegurada.

Igreja e Maçonaria têm missões distintas, embora amigáveis. Uma cuida da Fé e a outra da moral e da razão, portanto, esta não poderá ser catalogada como religião. São pré-requisitos para uma ideologia ser considerada religião: garantir, acreditar e converter.

A propósito, vejam-se trechos do romance “O Símbolo Perdido”, do escritor norte-americano Dan Brown, que não é maçom, grande sucesso no Brasil, ao se reportar aos 3 pré-requisitos mencionados, fazendo um paralelo com a Maçonaria: “...as religiões garantem a salvação; as religiões acreditam em teologia específica, as religiões convertem os não fiés. Mas a Maçonaria não se enquadra em nenhum desses três critérios, Os Maçons não fazem promessas de salvação, não têm uma teologia específica, nem tentam converter ninguém”.

Perguntado se a Maçonaria é antirreligiosa, em um diálogo na narrativa, responde:

“Pelo contrário. Um dos pré-requisitos para se tornar maçom é que você precisa acreditar em uma força superior. A diferença entre a espiritualidade Maçônica e uma religião organizada é que os maçons não impõem a esse poder nenhuma definição específica ou nomenclatura. Em vez de identidades teológicas definida como Deus, Alá, Buda ou Jesus, os maçons usam termos mais genéricos como Ser Supremo ou Grande Arquiteto do Universo. Isso possibilita a união de maçons de crenças diferentes”.

Assim, a partir do momento em que a Igreja entender e aceitar que os postulados maçônicos não são excludentes da doutrina Cristã, tudo ficará justo e perfeito.

"Não pactuamos com a submissão, mas sim com a liberdade do indivíduo para a sua evolução".