sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL É DEVER DE TODOS!!

Parte 02


Seringais renascem e sequestram carbono da atmosfera


Foi lançado no início do ano no Rio de Janeiro o Selo Seringueira Ambiental. Com o selo, as empresas que investirem no plantio de seringueiras poderão compensar as emissões de gases e aumentar a produção de látex no país.

A seringueira não produz só o látex, o que faz durante 30 anos após cerca de 5 anos do plantio. Este é o componente econômico de uma cultura conhecida dos índios bem antes da colonização brasileira. Ela também protege o solo e os mananciais, gera emprego e sequestra carbono da atmosfera, este um dado fundamental no momento em que o mundo abre os olhos para o efeito estufa, fenômeno que tem provocado o aquecimento do planeta. E a heveicultura se mostra como excelente alternativa no promissor mercado de crédito de carbono, pois consegue sequestrar tantos gases de efeito estufa quanto uma floresta natural. O mercado de crédito de carbono movimentou no ano passado aproximadamente R$ 1 bilhão.

Atento a isso, o Instituto Tecnológico da Borracha (IteB) lançou em fevereiro, no Rio de Janeiro, o Selo Seringueira Ambiental, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro(Firjan) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio.
 
Com o selo de certificação ambiental, as empresas que investirem no plantio de seringueiras poderão compensar as emissões de gases poluentes e aumentar a produção do látex no país. O investimento poderá ser no Rio de Janeiro ou em outros Estados, por meio de parcerias com os produtores de látex - um projeto piloto de plantio de mudas já foi implantado no município de Silva Jardim, na região centro-oeste do Rio de Janeiro, onde as primeiras árvores já estavam em fase de corte para a produção de látex.
 
De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), cujos estudos foram desenvolvidos no Centro Tecnológico da Zona da Mata, em Viçosa, o Brasil conta com uma grande vantagem competitiva para expandir sua atuação no mercado internacional da borracha: o banco de germoplasma seringal, onde está armazenado todo o material genético da espécie. “Todos os países que cultivam a seringueira dependem de nós para prosseguir suas pesquisas avançadas de melhoramento de clones”, diz Antônio de Pádua, engenheiro agrônomo que coordena a pesquisa.
 
Das 300 milhões de árvores do gênero Hevea, com 11 espécies, destaca-se a Hevea brasiliensis, que possui maior capacidade produtiva e variabilidade genética. Natural do sudeste da Bacia Amazônica, a Hevea brasiliensis foi levada para a Inglaterra em 1867 e depois seguiu para a Ásia, onde se adaptou de forma surpreendente.
 
História
 
O látex brasileiro atendeu à demanda mundial apenas com a exploração extrativista. Mas a falta de política governamental para o setor fez com que o país, hoje com um consumo interno de 320 mil toneladas, perdesse essa posição e passasse a importador de látex, avalia o diretor do IteB Marcelo Ramos.

Das 9,1 milhões de toneladas produzidas em 2005 no mundo, apenas 100 mil foram extraídas no Brasil. Entre os principais produtores, destacam-se a Tailândia, com 3 milhões de toneladas, a Indonésia, com 2 milhões, e a Malásia, com 1,5 milhão de toneladas.
 
O culpado pela derrocada dos seringais no Brasil foi apontado como o fungo Microcyclus ulei, causador da enfermidade conhecida como mal-das-folhas. Além da Amazônia, Pará, sul da Bahia e demais regiões onde se tentou o cultivo racional da planta sofreram com os ataques da doença. Mas a solução, segundo Antônio de Pádua Alvarenga, estaria no empenho dos órgãos governamentais para a obtenção de novos clones e para o estabelecimento de critérios para escolha de áreas e regiões mais aptas ao plantio da espécie.
 
O governo passou a incentivar a produção e comercialização do látex a partir de 1972, com os Programas de Incentivo à Borracha Natural (Probor I, II e II). As primeiras etapas do programa foram voltadas para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. O Sudeste só foi incluído em 1983, quando a história dos seringais no país sofreu uma reviravolta.
 
Levantamento de 2001 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que São Paulo é atualmente o maior produtor de borracha natural do País, com cerca de 62,6 mil toneladas anuais, seguido de Mato Grosso (36 mil t), Bahia (19,8 mil t), Minas Gerais (7,2 mil t), Espírito Santo (7 mil t), Goiás (3,2 mil t), Maranhão (1,6mil t), Pará (1,46 mil t), Tocantins (1,4 mil t), Acre (1 mil t), Mato Grosso do Sul (845 t), Pernambuco (764 t), Paraná (508 t), Rondônia (313 t), Amazonas (16 t) e Rio de Janeiro (5 t).
 
No Brasil, o produto é comercializado com as usinas de processamento primário a um valor médio de R$ 1,90 o quilo. Além das condições físicas favoráveis, o déficit de oferta e o mercado brasileiro de borracha aquecido sinalizam ainda mais para a expansão da heveicultura. O Brasil, cujo mercado interno pede cerca de 254 mil hectares de seringais, é o 5º maior consumidor de látex do mundo, com taxa de crescimento superior a 6% ao ano.
 
A heveicultura é uma atividade altamente sustentável. A seringueira começa a produzir entre cinco e nove anos de idade, mas admite a associação de culturas intercalares, como café, mamão, hortaliças, abacaxi, arroz, feijão e pupunha, entre diversas outras, como alternativa de renda. Além de contribuir para o controle do efeito estufa, para a preservação de mananciais e para a recuperação de solos degradados, permite a manutenção da vegetação natural entre as linhas de plantio.
 
Seu sistema radicular longo e bem distribuído facilita a absorção de água em solos profundos. A seringueira apresenta hábito caducifólio, ou seja, a queda das folhas e de outros componentes das partes mais altas é um importante mecanismo de transferência de nutrientes para o solo. “Por isso, a árvore só precisa adubação até o 7º ou 8º ano de vida, o que reduz consideravelmente os custos de produção”, pontua Antônio de Pádua. O desenvolvimento da planta é satisfatório quando cultivada em áreas degradadas e de relevo fortemente ondulado, desde que se utilize o manejo adequado. O seringal produz durante todo o ano, reduzindo a mão-de-obra sazonal.